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Teses

Letícia Marques Camargo. Espaços de Memória: a cidade, as famílias e as imagens do Barão de Juparanã, 2021.

Este trabalho é uma análise etnográfica das relações entre os descendentes do Barão de Juparanã e suas cinco mulheres escravizadas. Com a intenção de ter sua alma salva, antes de falecer e doze anos antes da abolição da escravatura, o Barão deixou em testamento uma fazenda para os seus vinte e cinco filhos, no Vale do Paraíba Fluminense. Com base nas narrativas dos meus interlocutores, nos arquivos e acervos fotográficos e nas genealogias construídas com alguns deles analiso esta história recontada por estes descendentes, as suas relações e as transmissões familiares por patronímico e heranças consanguíneas (loucura, suicídio), e como apreendem o espaço na cidade em que vivem ou viveram, cujo nome é de seu ascendente primeiro: Barão de Juparanã.

Marina Cavalcante Vieira. Figurações Primitivistas: Trânsitos do Exótico entre Museus, Cinema e Zoológicos Humanos, 2019.

Os zoológicos humanos eram mostras ou exibições de povos tidos como exóticos, de grande apelo popular durante o século XIX e início do XX. Esta pesquisa analisa o fenômeno dos zoológicos humanos, focando-se em casos de exibições de indígenas Botocudos brasileiros, demonstrando as relações estabelecidas entre estas mostras populares e a fundação de museus etnográficos, sociedades antropológicas e o desenvolvimento do cinema. Esta tese está dividida em duas partes. A primeira discute e define o fenômeno dos zoológicos humanos em geral, analisando, em seguida, casos de exibição de indígenas no Brasil, Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha. A Parte II discute as influências dos zoológicos humanos sobre o campo das artes, analisando filmes alemães da República de Weimar que se utilizaram de cenografia e trupes de zoológicos humanos. Em seguida, analisa-se a influência dessas formas de espetáculo sobre o expressionismo alemão, discutindo, por fim, a crítica aos zoológicos humanos na literatura. Utilizando como fio condutor a análise da circulação e trânsito de pessoas, objetos e narrativas entre os campos do cinema, museus e zoológicos humanos, a presente tese constrói um mapa que atravessa campos científicos e do entretenimento popular, buscando compreender as estratégias utilizadas para a construção do exotismo: as figurações primitivistas que marcam o mercado do exótico.

Prêmio CAPES de Tese 2020, Sociologia.

Edney Clemente de Souza. Magicaturas. Estratégias retóricas da afirmação de si, 2015.

Esta tese se estrutura a partir do conceito de magicatura: estratégias retóricas às quais todo indivíduo recorre, seja de forma intuitiva ou consciente, para “impressionar/convencer”. Seu sucesso se dá, na maioria das vezes, em parte por empatia, noutra parte por inferência, prescindido de comprovação. O objeto de análise – as interações simbólicas – descortina o comportamento humano, ao operar como linguagem pela qual os atores conseguem significar. Como base teórica, os estudos de Erving Goffman, Richard Schechner e Victor Turner permitem estruturar os comportamentos sociais, enquanto em Clifford Geertz, encontra-se o suporte metodológico necessário para compreender as magicaturas na relação agência versus estrutura. Antes de iniciar a análise, foram definidas diversas categorias para as magicaturas: textuais; escriturísticas; incorporadas; de emblema; de autoridade; de relacionamento; icônicas; de desempenho; de formação; e, por fim, as magicaturas de consumo. Por meio da proposta de elaboração de magicaturas a partir de seus tipos, obtivemos o corpus da pesquisa, o qual nos permitiu analisar como os atores operaram cada tipo de proposição, confirmando as expectativas de que magicaturas são, de fato, afirmações de si elementares e necessárias na maior parte das interações.

Aline Gama de Almeida. In memoriam: imagens do sofrimento dos familiares de vítimas da violência no Rio de Janeiro, 2013.

Esta tese trata da relação entre violência, sofrimento, fotografia e memória, a partir do noticiário de violência na cidade do Rio de Janeiro e da participação dos familiares de vítimas de casos noticiados em movimentos contra a violência. Para compreender esse universo, descrevo e analiso os discursos textuais, visuais e emocionais dos familiares de vítimas e, também, dos fotojornalistas. As notícias de violência, segundo Luc Boltanski, são uma forma de “denúncia” e de conversão dos casos individuais em “causas coletivas”. Essas são tomadas como um primeiro registro da violência que se transforma em um “lugar de memória” desses acontecimentos na cidade. A partir de notícias e histórias narradas pelos entrevistados foram construídos pequenos “quadros de memória” que contam o processo vivido pelos familiares após a violência. Esse processo iniciado por uma “violência original” se converte, ao longo do tempo, em lutas individuais e coletivas. O tempo torna-se “um agente” que “trabalha” nas relações, nas emoções e na memória. Ele transforma os sentidos da experiência violenta e constrói a identidade de “familiar de vítima” e as relações entre eles, moldando “comunidades emocionais”. Essas comunidades apoiam os familiares em seu restabelecimento emocional e social e na luta para conquistar o direito de justiça. Diante da morte violenta, essas lutas agenciam o surgimento de novas violências e a chegada de novos familiares de vítimas em meio às memórias individuais e coletivas.

Mariana Leal Rodrigues. Folhas e curas em imagens: a circulação do conhecimento no Rio de Janeiro e na Paraíba, 2013.

No estado do Rio de Janeiro e no agreste da Paraíba, há centenas de grupos de mulheres voluntárias comprometidas com o resgate de saberes tradicionais sobre cuidados com a saúde por meio de plantas medicinais. Esses grupos produzem preparações medicamentosas, suplementos alimentares, sabonetes e pomadas, vendidos a preço de custo ou doados. No Rio de Janeiro, a Rede Fitovida conta com mais de cem grupos espalhados por diversas regiões, promove eventos culturais e reivindica o reconhecimento de seus saberes como patrimônio imaterial. Já no agreste da Paraíba, as mulheres se organizam em comissões nos sindicatos de trabalhadores rurais do Polo Sindical da Borborema, a fim de promover a melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares locais. Elas promovem oficinas, encontros e visitas mútuas para difundir o uso de plantas medicinais, motivadas não só pela solidariedade, mas pela bandeira de não deixar esse conhecimento ser vencido pelo tempo. A proposta desta pesquisa é comparar as formas de transmissão de conhecimento de tais grupos, evidenciando, por consequência, os resultados decorrentes dessa ação. Para efeito de uma análise aprofundada.

Bárbara Andréa S. Copque. Uma etnografia visual da maternidade na Penitenciária Talavera Bruce, 2010.

A partir de um estudo etnográfico, pretendemos investigar as representações sobre a gravidez e a maternidade em mulheres que são mães durante o cumprimento da pena na Penitenciária Talavera Bruce, no Rio de Janeiro. Estas mães, que convivem com seus filhos durante seis meses, têm os vínculos interrompidos após o período de amamentação. Todavia, os presídios não são designados para propiciar o vínculo familiar, pois, se pensarmos as prisões como instituições cujas práticas ocorrem à margem da lei e, mais do que isso, que geram atributos estigmatizantes aos sentenciados, é evidente que a presença dessas crianças produz um conflito entre o direito das mesmas ao convívio familiar e as funções punitivas das prisões.

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Gleice Maria Mattos de Vasconcellos Luz. Noras e Sogras: sobre relações familiares, conflitos e imagens, 2010.

O presente trabalho tem como foco o estudo sobre o parentesco por aliança, que se estabelece sem o privilégio da escolha, tão cara aos indivíduos na contemporaneidade. Neste sentido, busca analisar como se dá o processo de integração e inserção da nora na família por aliança e a percepção da sogra sobre a entrada deste novo membro feminino na família. Interessa entender como os cônjuges, pivôs do parentesco por aliança, imprimem ritmo à relação com a parentela e, ainda, que estratégias constroem para superação de tensões e conflitos. Os efeitos dos diferentes pertencimentos sociais sobre estas relações é um ponto a ser considerado na medida em que as trocas materiais são, muitas vezes, responsáveis pela aproximação dos indivíduos na família. Nesta tese analiso as fotografias de família, pois elas revelam uma dimensão expressiva das relações familiares.

Abílio Afonso da Águeda. O fotógrafo Lambe-Lambe: guardião da memória e cronista visual de uma comunidade, 2008.

Trabalhando nas ruas, praças, parques e jardins públicos das cidades brasileiras ao longo de todo o século XX, o fotógrafo Lambe-Lambe pode ser considerado um importante agente responsável pela democratização e pela popularização do retrato fotográfico entre as classes menos privilegiadas de nossa sociedade, produzindo uma documentação visual que preserva e transmite a memória coletiva de grupos comunitários e familiares. Este trabalho analisa os usos sociais das imagens produzidas por estes profissionais, e reflete sobre o papel social dos fotógrafos Lambe-Lambes, representantes de uma prática profissional que foi registrada como patrimônio cultural imaterial carioca. Nesse sentido, o enfoque de abordagem foi estruturado sobre três vertentes: as inter-relações entre fotografia e memória, as possibilidades de aproximações críticas e epistemológicas entre os retratos de família e as fotografias de Lambe-Lambes, e a atuação do campo antropológico na definição de políticas públicas de preservação e salvaguarda do patrimônio cultural.

Amaury Fernandes da Silva Jr. Uma etnografia do dinheiro: os projetos gráficos de papel moeda no Brasil pós 1960, 2008.

As imagens que se constituem em símbolos do Estado são representativas de bem mais do que as vontades individuais dos seus criadores. as cédulas brasileiras, produzidas pela Casa da Moeda do Brasil e aqui estudadas constroem uma narrativa. Nas propostas visuais das cédulas estão congregadas relações tanto entre o individual e o coletivo, quanto entre os diferentes grupos que existem na sociedade brasileira. Este trabalho tem por objetivo identificar os fragmentos visuais que, unificados no espaço plástico das cédulas, transformam-se em narrativas coletivas da brasilidade.

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Cesar Augusto Ferreira de Carvalho. Coisas de Família. Análise antropológica de processos de transmissão familiar, 2005.

A transmissão inter-geracional diz respeito à passagem de um patrimônio familiar que se constitui de modo complexo,visto envolver elementos de distintas ordens, agregando valor material e simbólico. Os bens materiais, compreendidos no espaço doméstico, prestam-se particularmente bem a expressar a forma como os integrantes do grupo familiar se relacionam, permitindo perceber seus sentimentos e interesses, conflitos e alianças. Todavia, as “coisas de família” também dizem respeito à dimensão não material,relacionando valores e padrões de ordenamento de mundo. Herda-se. Não uma única herança; não um único e simultâneo movimento de dar e receber. A herança a ser transmitida de uma geração a outra diz respeito a conjunto de elementos que reúnem desde o patrimônio genético até conhecimento nem sempre revelado, direta e explicitamente, constituindo a esfera do segredo e do indizível. As fotografias de família estão aqui sendo trabalhadas no sentido de buscar formas de alcançar tal universo de elementos fragmentados, relacionando memória e identidade familiar.

Pedro Simonard. A construção da tradição no jongo da Serrinha. Uma etnografia visual do seu processo de espetacularização, 2005.

Esta pesquisa procura analisar os elementos acionados por um grupo de moradores, ligado a uma das primeiras famílias que se mudaram para o morro da Serrinha, para construir uma tradição através do jongo, considerado como importante para o processo de recriação de práticas culturais e de identidade étnica. Além disso, investiga os elementos que sustentam os discursos antagônicos sobre as diferenças existentes entre o jongo dançado hoje e as semelhanças com o jongo “autêntico” dançado no passado na Serrinha. Ao analisar o processo de construção da identidade deste grupo, se discute questões sobre a desterritorialização (do africano), territorialização (do escravo) e reconstrução de uma nova identidade (negro brasileiro), indagando se jongo é um elemento de (re)criação dessa identidade negra e como as idéias de “pureza”, “deformação”, “esquecimento”, “lembrança”, “recuperação” de um passado mitificado nele se articulam.

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