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Artigos

RHAMOS, Nino. O espetáculo do constrangimento: individualismo e a trajetória do herói nos lutadores de MMA no filme O Espetáculo da Dor. PROA. Revista de Antropologia e Arte v.2, n.11, p. 111-130, 2021.

Este artigo analisa a performance dos lutadores de MMA no documentário The Hurt Business (O Espetáculo da Dor). O texto apresenta a construção da identidade do lutador através do conceito de individualismo pensado por Gilberto Velho, e utiliza tanto a Jornada do Herói de Joseph Campbell quanto a ideia de constrangimento de Goffman para mostrar o sentido das construções narrativas após a derrota, fomentando no lutador motivos para uma busca incessante pela vitória.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. Performance como tradução: política e arte indígena na cidade. Concinnitas v. 21, n. 38, p. 224-245, 2020. 

Este artigo analisa a performance dança dos praiás como parte essencial da experiência da etnicidade vivenciada pelos Pankararu na cidade de São Paulo. Fruto da política cultural de sua associação essa performance se constituía em um ato de tradução intercultural que promovia um ato de consenso e, assim, permitia uma experiência da etnicidade particular para os Pankararu dessa cidade. 

COPQUE, Bárbara. As imagens que me faltam. Gis - Gesto, imagem e som v. 5, n.1, p. 265-281, 2020.

No presente ensaio me proponho a vivenciar fotograficamente as minhas memórias e dar forma às lembranças compartilhadas pela minha mãe, me colocando numa atividade de imaginação durante uma viagem no Recôncavo Baiano, terra da nossa ancestralidade.

LIMA, Maria Raquel Passos. A (in)visível armadilha do lixo: Coutinho e a arte da revelação. In: LIMA, Maria Raquel P.; GRUNVALD, Vitor; JESSOUROUN, Theresa. (orgs.). Boca de Lixo visto por Maria Raquel Passos Lima, Vitor Grunvald, Theresa Jessouroun. Ed. 7 Letras, p. 8-42, 2019. 

Este pequeno ensaio não visa a exegese exaustiva de Boca de lixo, filme lançado por Eduardo Coutinho em 1993. Tampouco é uma resenha fílmica. E, desculpo-me, de antemão, pela frustração de qualquer expectativa de que eu dê conta de sua rica narrativa.1 Tampouco, apresso-me em dizer, se trata de um artigo sobre a obra do diretor. Ainda que todas essas discussões estejam no horizonte de meu exercício literário. O que almejo é partir desse filme para traçar algumas linhas especulativas. Se a obra, o diretor e o filme pudessem ser pensados como um mar de proposições, ao mesmo tempo uno e entrecortado por fluxos, ondas e movimentos que encaminham sentidos diversos, desejo apenas ficar à deriva.

PEIXOTO, Clarice. Antropologia & Imagens: O que há de particular na Antropologia Visual Brasileira? Cadernos de Arte e Antropologia v. 8, n. 1, p. 131-146, 2019.

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre a antropologia visual brasileira (2013-2017), e analisou cinco centros de antropologia visual de universidades do Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. Três deles são coordenados por antropólogas visuais que compõem a primeira geração a obter essa formação, e dois da segunda geração. O objetivo é conhecer o que há de específico na antropologia visual brasileira: ela ainda permanece vinculada às escolas europeias e/ou americanas ou já produz narrativas imagéticas próprias? Para isso, analisei a formação acadêmica dos professores-coordenadores, suas orientações teóricas, e as condições estruturais para a formação de novos pesquisadores nesse campo. 

PEIXOTO, Clarice. Memorial, Memoriale. Interseções v. 21, n. 1, 2019.

Memoriale. Palavra que remete à noção de memória, lembrança, recordação, remissão ao passado. Aqui, trata-se de reconstituir minha trajetória profissional, delineada pelo meu perfil acadêmico. Nesta difícil tentativa de esboçar meu autorretrato profissional é impossível não vincular eventos e circunstâncias pessoais e familiares que marcaram minhas escolhas e que foram determinantes nas opções profissionais, dando sentido à minha identidade acadêmica. 

RODRIGUES, Mariana Leal. Aprendendo a "olhar sobre os ombros": o uso do filme e da fotografia na pesquisa como uma experiência de devolução e colaboração. Vivência. Revista de Antropologia n. 51, p. 152-173, 2018.

A produção de registros audiovisuais e fotográficos em uma pesquisa antropológica pode contribuir com a formação de vínculos entre o pesquisador e os grupos pesquisados, a partir da constante devolução das imagens e sons. Ela propõe ainda desafios no trabalho de campo e questiona a maneira como são representadas as pessoas pesquisadas. Este artigo analisa as fotografias e filmes produzidos com base nos princípios do cinema de observação, cuja apropriação e circulação pelos grupos pesquisados serviu para o reconhecimento de saberes tradicionais sobre plantas medicinais como patrimônio imaterial. Analisa, ainda, os limites e potencialidades da fotografia e do audiovisual na produção de sentidos e identidades.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. 'Tridução' Pankararu: A imagem no trabalho videográfico com indígenas na cidade de São Paulo. Revista Ñanduty, v. 4, p. 131-146, 2016.

Quando o antropólogo se prepara para começar um trabalho de campo é muitíssimo provável que tenha alguma imagem desse campo, ou seja, do lugar e das pessoas com as quais o antropólogo vai trabalhar nessa fase de sua pesquisa. Essas imagens podem vir através de fotos, filmes, mas também são formadas por descrições textuais de outras pessoas que já estivem lá e que nos descrevem como a coisa é, ou melhor, parece ser. Com isso formamos uma imagem do lugar e das pessoas, do campo em suma. Desse modo, temos inúmeras imagens feitas por outros sobre nosso campo e objeto, somos assim sensíveis a elas e por mais que vejamos outras coisas é por essas imagens anteriores que primeiro procuramos ao chegar no campo. E isso tanto para comprová-las como também para negá-las.

PEIXOTO, Clarice. Images et récits sur l´entrée en institution. Vibrant v. 13, n. 1, p. 176-185, 2016.

L´entrée en institution est le plus souvent perçue comme un acte fréquemment imposé par la famille, ou par une procédure judiciaire. Il y a bien sûr la décision personnelle et volontaire à cause de perte d’autonomie, parce qu´elle rend impossible de vivre seul ou en famille, mais aussi en raison des conditions de vie précaires qui empêchent le maintien des frais du logement, de la nourriture, des médicaments, et d´autres encore. Alors, comment quitter la maison qui représente une partie de l’identité personnelle et le lieu des relations et de l’histoire familiale ? Comment garder les liens familiaux lorsque le lieu de ces relations disparaît ? Après tout, comment penser l´avenir sans ces références? Ce sont des pensées qui marquent l’entrée vers ce probable dernier lieu de vie. Un moment douloureux, parfois traumatisant, car le vieux est obligé de quitter ses lieux d’affection et de mémoire, même si il a pris cette décision volontairement. C´est sans doute une épreuve pour toutes les personnes concernées. L´ensemble de photographies et de récits de quatre vieux qui ont vécu dans un asile public de Rio de Janeiro, révèle les diverses images de l’institutionnalisation et, ainsi, que ces expériences ne sont pas vécues de même façon.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. Indígenas na Cidade do Rio de Janeiro. Cadernos do Desenvolvimento Fluminense, v. 0, p. 149-168, 2015.

Esse artigo aborda a condição atual da população indígena na região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. A partir de uma análise da situação dos indígenas nas cidades brasileiras, argumento que a organização indígena nesse contexto se direciona para a contestação do “limbo jurídico” ao qual estão submetidos. Centro meu argumento no exemplo da Aldeia Maracanã, que por conta de sua mobilização produziu ampla visibilidade social indígena, constrangendo assim o governo para a construção de políticas públicas para essa população.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. O Exotismo Inverso Pankararu. Performance e imagem indígena no contexto urbano.  In: PEIXOTO, Clarice; COPQUE, Bárbara (orgs.). Etnografias Visuais. Análises Contemporâneas. Rio de Janeiro: Garamond, p. 135-154, 2015.

Um importante elemento de reconhecimento dos Pankararu como indígenas, pelo SPI em 1940, foi o fato de que esse grupo realizava um ritual, cuja última etapa consistia em uma dança cerimonial com o uso de uma indumentária, chamada de praiá. Essa dança (a dança do praiá) é o ápice de uma festa em homenagem as entidades espirituais (Encantados), em agradecimento pela intervenção na cura de uma determinada pessoa. Naquela época, o SPI identificou nesse elemento de cultura material (o praiá) uma marca de autenticidade e tradicionalidade que reforçava a legitimidade do pleito e a origem autóctone dos Pankararu. Em São Paulo, os Pankararu migrantes começaram a se apresentar em diversos locais da cidade executando essa dança com o uso do praiá.

ALMEIDA, Aline Gama de. As vidas reveladas no fotojornalismo de violência. In: PEIXOTO, Clarice; COPQUE, Bárbara (orgs.). Etnografias Visuais. Análises Contemporâneas. Rio de Janeiro: Garamond, p. 49-70, 2015.

O artigo trata das relações entre familiares de vítimas violência do Rio de Janeiro e fotojornalistas, analisando os valores e os sentidos atribuídos às notícias por cada um deles.

COPQUE, Bárbara. Fotografar: expor (e se expor) – a utilização da fotografia no contexto da violência. In: NOVAES, Sylvia Caiuby (org.). Entre Arte e Ciência: a fotografia na antropologia. São Paulo: EDUSP, p. 71-91, 2015.

O Complexo Bangu é um presídio de segurança máxima, o lugar onde indivíduos de certa (ou muita) periculosidade cumprem suas penas. E ficar frente a frente com um deles, olhar nos olhos e, principalmente, ser observada por eles, me assustava. Deparei-me com uma questão crucial para as minhas pesquisas: a difícil entrada e permanência no campo de “risco” com uma câmera fotográfica.

RODRIGUES, Mariana Leal. Entre o registro e a narrativa: alguns desafios da antropologia visual experimentados em uma pesquisa etnográfica. In: PEIXOTO, Clarice; COPQUE, Bárbara (orgs.). Etnografias Visuais. Análises Contemporâneas. Rio de Janeiro: Garamond, p. 155-168, 2015.

No contexto midiático contemporâneo, no qual as novas tecnologias de produção, edição e exibição de filmes estão mais acessíveis e diversos grupos sociais são capazes de produzir seus próprios registros, a antropologia visual encontra ainda mais desafios, desdobramentos daqueles que são característicos da prática antropológica: tratar a diferença cultural e representar o outro. Esta questão central para quem realiza etnografias norteou a pesquisa Folhas e curas em imagens: a circulação do conhecimento no Rio de Janeiro e na Paraíba” na qual combinei etnografia clássica com a etnografia audiovisual e em diversas etapas, em que ora uma contribuía com a outra e vice-versa.

PEIXOTO, Clarice. ‘As coisas não são como a gente quer...’ viver e morrer em instituição asilar. In: NOVAES, Sylvia Caiuby (org.). Entre Arte e Ciência: a fotografia na Antropologia. São Paulo: EDUSP, p. 93-108, 2015.

A entrada em uma instituição asilar não se dá sem traumas. Ainda que reconheçam as dificuldades de permanecer vivendo em suas casas, devido à saúde precária, à perda da autonomia, à ausência de familiares cuidadores, dentre outras razões, raros são aqueles que resolvem, voluntariamente, viver em uma instituição. Não é nada fácil trocar a própria morada, que simboliza os investimentos materiais e afetivos realizados ao longo da vida, por um asilo ou casa de repouso. Estas questões são expressas em narrativas escrita e fotográfica.

PEIXOTO, Clarice. Filme etnográfico: as escolhas dos fabricantes de imagens. In: PEIXOTO, Clarice; COPQUE, Bárbara (orgs.). Etnografias Visuais. Análises Contemporâneas. Rio de Janeiro: Garamond, p. 99-114, 2015.

Uma das questões fundamentais da reflexão sobre a inserção do audiovisual nas pesquisas sociais diz respeito à produção das imagens — de quem as fabrica: o pesquisador ou o seu cameraman? São inúmeras as situações e possibilidades e elas dependem das condições da pesquisa, ou seja, da relação que se estabelece com as pessoas filmadas, do tempo dedicado ao processo de elaboração das imagens, do financiamento disponível. Mas, principalmente, para quê e para quem estamos produzindo essas imagens. Estas questões são analisadas neste artigo.

VERGARA, Camile. Corpo transgressão: a violência traduzida nas performances do Coletivo Coiote, Bloco Livre Reciclato e Black Blocs. Cadernos de Arte e Antropologia v. 4, n. 2, p. 105-123, 2015.

Este artigo, situado nas áreas de antropologia visual e estudos de performances, busca analisar a noção de “Corpo Transgressão” na perspectiva da elaboração de um corpo insurgente, rebelde, não submisso. Trata-se de um estudo etnográfico dos movimentos insurgentes Bloco Livre Reciclato, Coletivo Coiote e Black Blocs. Essas performances podem ser definidas como uma economia política voltada para a transformação na forma de gestão dos corpos. Esta perspectiva carrega o sentido da resistência e da desconstrução da noção de corpo dócil formulada por Foucault. O cenário das performances e manifestações foram as ruas no Rio de Janeiro. A análise aparece vinculada ao campo semântico da estética da violência e são estudados os movimentos de insurgência a partir das imagens-violência traduzidas nas performances.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. Sobre imagens etnográficas. Iluminuras, v. 15, p. 102-125, 2014.

Em seu filme Nossa Música, o cineasta Jean-Luc Godard utiliza metaforicamente os termos técnicos da linguagem cinematográfica, campo e contracampo, para tematizar a História. Nesse artigo utilizo-me desse insight para tematizar a História no filme etnográfico. Proponho que para além do dualismo tradição e modernidade, o uso dos híbridos e da ambiguidade aparecem como uma crítica e sugestão de novas sintaxes para a narrativa antropológica.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. O praiá Pankararu: objeto-fetiche modernista. PROA: Revista de Antropologia e Arte v. 01, p. 221, 2014.

Neste artigo, analiso um dos efeitos sociais do modernismo brasileiro dos anos 1930, a objetificação cultural Pankararu, momento em que o praiá (máscara ritual desses indígenas) é capturado pelo discurso modernista como um objeto-fetiche paradigmático da cultura nacional. Nesse período, a etnografia e a constituição de patrimônio cultural se colocaram como uma política de Estado. Apresento nesse contexto o trabalho de Mário de Andrade na formação da Sociedade de Etnografia e Folclore (1936) e da “Missão de 1938”, espaços onde se evidenciam a institucionalização e os efeitos desse tipo de discurso.

ALMEIDA, Aline Gama de.; PEIXOTO, Clarice. Imagens de guerra. Uma leitura sociológica do fotojornalismo. Interseções v. 16, n. 2, p. 245-264, 2014.

A partir da comparação dos conteúdos e contextos sociais de produção das fotografias da Guerra da Criméia (1854-56), da Guerra da Secessão norte-americana (1861-65) e da Guerra do Paraguai (1865-1870), o artigo argumenta que essas imagens inauguram a convenção visual dada à temática da guerra. Para compreender como se estabelecem tais convenções, a análise se fundamenta na teoria dos processos sociais de Norbert Elias à luz dos conceitos de “figuração”, “processo social” e “constância de direção”, como um ferramental que permite revelar as implicações dessa produção visual. Trata-se, então, de uma análise sobre quais foram os fatores sociais e políticos que orientaram as primeiras imagens fotográficas de guerra que supõe-se nortear as produções fotográficas atuais.

RODRIGUES, Mariana Leal. O “Resgate” das plantas medicinais para “retirar” as mulheres de casa: a experiência da comissão saúde e alimentação do polo sindical da Borborema, na Paraíba. Vivência: Revista de Antropologia v. 1, n. 43, p. 97-110, 2014.

No agreste da Paraíba há centenas de grupos de mulheres voluntárias comprometidas com o “resgate” de saberes tradicionais sobre cuidados com a saúde por meio de plantas medicinais. Esses grupos são majoritariamente formados por mulheres que produzem preparações medicamentosas, suplementos alimentares, sabonetes e pomadas, vendidos a preço de custo ou doados. Elas se organizam em comissões nos sindicatos de trabalhadores rurais do Polo Sindical da Borborema, a fim de promover a melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares locais. 

DEMARCHI, André; LIMA, Maria Raquel P.; MORIM, Ana Gabriela; OMIM, Suiá. Apresentação. Revista Enfoques v. 12, n. 1, p. 10-17, 2013.

Pontos de partida. Múltiplos caminhos que podem levar a lugares inesperados, desconhecidos, familiares, recônditos. Seguimos ao longo desta apresentação os rastros de alguns desses caminhos, traçados por autores que falam a partir de diferentes contextos, que dialogam com sujeitos e teorias diversas, exprimindo assim visões de mundos particulares. Esta edição da Revista Enfoques é um ponto de encontro, onde, reunidos, editores, autores, leitores e colaboradores, são convidados a percorrer esses tantos lugares a serem conhecidos. Procuramos nesta introdução dar algumas coordenadas, oferecendo ao leitor pistas para que ele próprio trace o seu itinerário neste mapa imaginado que esboçamos. Esperamos que a experiência da leitura possa se revelar uma instigante jornada, pelos meandros dessa rede de pessoas, imagens e ideias que, através de trajetórias díspares e andamentos dissonantes, encontram seus pontos de convergência nas palavras-chave Etnografia, Arte e Imagem.

DEMARCHI, André; LIMA, Maria Raquel P.; MORIM, Ana Gabriela; OMIM, Suiá. Uma conversa sobre ecologia da mente: entrevista com Nora Bateson. Revista Enfoques v. 12, n. 1, p. 266-283, 2013.

Em uma manhã chuvosa no Rio de Janeiro, na sala de conveniência de um hotel do bairro do Flamengo, encontramos Nora Bateson para uma conversa. Poucos dias antes, Nora havia apresentado ao público brasileiro seu filme An ecology of mind (2011), como destaque na programação da XV Mostra Internacional do Filme Etnográfico (2011). Durante a entrevista Nora falou sobre as escolhas cinematográficas que envolveram a concepção do filme, este último uma homenagem declarada à atualidade do pensamento e da diversificada obra de seu pai, Gregory Bateson, pensador alheio a rótulos, que transitou livremente “entre” a biologia, antropologia, psiquiatria, cibernética e epistemologia.

COPQUE, Bárbara. Com a família à flor da pele: escrituras corporais em uma penitenciária feminina. In: COPQUE, Bárbara; PEIXOTO, Clarice; MATTOS, Gleice L. (orgs.). Famílias em Imagens. Rio de Janeiro: ed. FGV, p. 15-42, 2013.

A análise da gravidez e do nascimento de crianças em presídios envolve questões diversas, incluindo a idade em que ocorre a separação entre mãe e filho, o vínculo maternal, o cenário de encarceramento, entre outras. A imagem fotográfica tornou-se uma importante linguagem, uma interlocutora nessa interação com as mães encarceradas e um recurso metodológico explorado no processo de construção de conhecimento e na busca de sentidos e significados. É nesse encontro que se situa este artigo.

MATTOS, Gleice L. Distância afetiva e silêncio imagético: a ausência das “aliadas” nas fotografias de noras e sogras. In: COPQUE, Bárbara; PEIXOTO, Clarice;  MATTOS, Gleice L. (orgs.). Famílias em Imagens. Rio de Janeiro: ed. FGV, p. 65-97, 2013.

A produção imagética das famílias, realizada por ela e para ela, é composta por imagens e memórias individuais e faz parte da história coletiva daquele grupo social em que os indivíduos estão unidos por laços parentais. As fotografias e os álbuns de família das noras e sogras entrevistadas revelam a “ausência” ou a “pouca presença” da parente por aliança nas fotografias e álbuns de cada uma delas.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre; ARISI, Barbara; AURELIANO, Waleska. 'ANTROPOFAGIA’: capturando imagens indígenas na Rio+20. Cadernos do LEME v. 4, p. 69-83, 2012. 

Esse ensaio fotográfico aborda o contexto da produção imagética feita pelos e sobre os indígenas durante a Rio+20. Enfatizamos aqui flagrantes e performances indígenas cuja centralidade está na produção de imagens em diferentes formatos. Por meio desse registro imagético é possível questionar a proeminência de um tipo de exotismo cuja autenticidade é invocada na construção do diálogo intercultural.

ALMEIDA, Aline Gama de. A família nas imagens de violência: um ensaio sobre a ausência. In: Anais do III Seminário Internacional Violência e Conflitos Sociais: ilegalismos e lugares morais. Fortaleza, 2011.

O texto analisa o discurso de familiares de vítimas da violência urbana no Rio de Janeiro, confrontadas às fotografias publicadas para ilustrar as notícias veiculadas nos jornais impressos cariocas. As imagens e os discursos participam de um repertório que faz parte de um processo social de denúncia, mas também, de superação dessa violência. Os familiares de vítimas transformam a dor e o sofrimento gerados pela perda violenta de um ente querido em discursos e ações que se elaboram a partir da ausência do familiar em suas vidas.

NAKASHIMA, Edson; ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. A cultura política da visibilidade: os Pankararu na cidade de São Paulo. Estudos Históricos v. 24, p. 182-201, 2011.

Os indígenas Pankararu começaram a migrar de Pernambuco há mais de 60 anos e somam mais de 2.000 pessoas em São Paulo. Devido à sua organização autônoma, eles foram o primeiro grupo indígena migrante do Nordeste a receber assistência de órgãos como a Funai e a Funasa, em São Paulo. Para tanto, passaram a promover apresentações de uma tradição religiosa até então restrita às suas aldeias em Pernambuco: o praiá. Este texto apresenta o contexto de construção da visibilidade dos Pankararu em São Paulo e a legitimidade dessa especificidade étnica através das apresentações dos praiás como um elemento paradigmático de sua “indianidade”.

PEIXOTO, Clarice. Filme (vídeo) de família: das imagens familiares ao registro histórico. In: PEIXOTO Clarice (org.). Antropologia & Imagens: narrativas diversas. Rio de Janeiro: Garamond, v. 1, p. 11-26, 2011.

Neste texto, analiso o processo de realização de um vídeo de família e sua transformação em um artefato histórico. Ou seja, as conversas que tive com minha avó sobre a sua participação na revolução gaúcha de 1923, gravadas para serem transmitidas à família, sobretudo aos seus netos e bisnetos, me levaram a pesquisar esse momento da história do Rio Grande do Sul nos arquivos públicos, garimpando documentos deste período (jornais, relatórios e fotografias) que “objetivassem” seus relatos e suas imagens “subjetivas” mas, principalmente, que permitissem encontrar as relações possíveis entre uma memória individual e a memória coletiva. O vídeo Bebela e a revolução gaúcha de 1923 é, assim, peça-chave dessa análise. Ver em filmes etnográficos, neste site.

RODRIGUES, Mariana Leal. Entre receitas e simpatias, doces e venenos: o uso do vídeo na pesquisa com mulheres de 60 anos ou mais. In: PEIXOTO Clarice (org.). Antropologia & Imagens: narrativas diversas. Rio de Janeiro: Garamond, v. 1, p. 27-45, 2011.

Uma vez por semana, um grupo de mulheres tem encontro marcado na cozinha de uma igreja católica, na Baixada Fluminense. Grão de Mostarda é o grupo que fundaram e onde produzem e distribuem medicamentos naturais a preço de custo. O uso da câmera permitiu reunir um material etnográfico significativo sobre a inserção de mulheres de baixa renda em redes associativas, sobre a produção de suas identidades de gênero e de geração através da construção de um “saber compartilhado”. A etnografia com recursos audiovisuais evidencia a perspectiva teórica e, ao mesmo tempo, o processo de colaboração que envolve a pesquisa e o registro audiovisual. Ver neste site Curandeira é a vovozinha, em filmes etnográficos.

SIMONARD, Pedro. Jongo e filme etnográfico: impressões de uma viagem etnográfica. In: PEIXOTO Clarice (org.). Antropologia & Imagens: narrativas diversas. Rio de Janeiro: Garamond, v. 1, p. 47-63, 2011.

O grupo Jongo da Serrinha é formado por moradores do morro da Serrinha e por pessoas próximas a eles. Este grupo produz espetáculos nos quais mostra um jongo adaptado às condições dos locais em que se apresenta e do público que os frequenta, bem diferente da dança das festas realizadas nas comunidades jongueiras. A câmera foi empregada no trabalho de campo com vistas a elaborar um caderno de campo audiovisual que servisse como fonte de informações, registrando situações que não se repetiriam, produzindo um filme etnográfico que permitisse uma divulgação ampla dos resultados da pesquisa. Ver neste site Salve o Jongo! em filmes etnográficos.

COPQUE, Bárbara. Sobre imagens: meninos na rua, meninos-fotógrafos. In: PEIXOTO Clarice (org.). Antropologia & Imagens: narrativas diversas. Rio de Janeiro: Garamond v. 1, p. 145-166, 2011.

Os meninos de rua aqui apresentados não são crianças abandonadas, soltas na rua. São jovens vulneráveis que possuem histórias de sobrevivências marcadas por necessidades e luta pela vida, dia-a-dia, cujas carências os impelem para a rua. São crianças e adolescentes envolvidos em projetos assistenciais de reinserção e ressocialização. Num caminho inverso a estas práticas estigmatizantes, este artigo propõe-se, também, a ‘revelar` as expressões de um desses jovens que vive no limiar da exclusão. De fato, os “meninos de rua” aqui pesquisados são Meninos-Fotógrafos que utilizam a imagem fotográfica como suporte desta expressão.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. A intenção Pankararu: a "dança dos praiás" como tradução intercultural na cidade de São Paulo. Cadernos do LEME v. 2, p. 2-33, 2010.

Os indígenas Pankararu migram de Pernambuco para a cidade de São Paulo há mais de 60 anos. Somando hoje mais de 2000 pessoas nessa cidade, eles mantêm uma associação, como forma de reivindicar direitos, e realizam apresentações da performance “dança dos praiás”, versão heterodoxa de uma dança ritual restrita às suas aldeias em Pernambuco. Este artigo analisa essa performance como uma tradução intercultural contra hegemônica cuja intenção é dotar os Pankararu de capital simbólico nas arenas da cidade de São Paulo, nas quais atualizam-se categorias do poder tutelar.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. Os Pankararu e o Associativismo Indigena na Cidade de São Paulo. Tellus, v. 9, n. 16, p. 229-235, 2009.

No relatório da Comissão Pró-Índio de São Paulo (2005, p. 05), segundo dados do IBGE, o número de indígenas que vivem na região metropolitana de São Paulo é de 59.989 indivíduos, o que dá ao estado paulista, em números, a terceira maior população indígena do país (atrás somente dos estados do Amazonas e da Bahia). As principais etnias que constituem essa população vieram migradas do nordeste brasileiro, como os Pankararu (PE), Fulni-ô (PE), Atikum (PE), Xurucu (PE), Kariri-Xocó (AL), Pankararé (BA) e Potiguara (PB). No Estado de São Paulo existe cerca de doze associações indígenas de diversas etnias. A maior parte das associações foi fundada de forma autônoma, com o intuito de fortalecer politicamente a demanda dessas populações pela assistência diferenciada garantida pelo estado aos povos indígenas (saúde, educação, preservação de patrimônio, território, moradia e outros).

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. O Dom: um ensaio estético. Revista de Ciências Humanas v. 43, n.1, p. 249-263, 2009.

O objetivo deste artigo e analisar a não nativa de autoria presente na comunidade indígena Kapinawa, localizada no sertão de Pernambuco, nordeste do Brasil. A partir de uma antropologia histórica (Oliveira, 1988) analiso a autoria como uma tradição inventada (Hobsbawn, 1983) resultante de um processo político de emergência étnica. Através da etno-história do grupo, apresento o contexto de construção de uma tradição indígena (o ritual do tore) que se legitima ao explorar categorias de uma tradição religiosa do nordeste conhecida como o complexo da jurema. Procuro, assim, apresentar a (forma da) relação entre a instauração do ritual do Tore e a emergência de uma noção nativa de autoria construída nele.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. O dom e a tradição indígena Kapinawá (ensaio sobre uma noção nativa de autoria). Religião & Sociedade v. 28, n. 2, p. 56-79, 2008.

O objetivo deste artigo é analisar a noção nativa de autoria presente na comunidade indígena Kapinawá, localizada no sertão de Pernambuco, nordeste do Brasil. A partir de uma antropologia histórica (Oliveira 1988), analiso a autoria como uma tradição inventada (Linnekin 1983; Handler 1984; Handler & Linnekin 1984) resultante de um processo político de emergência étnica. Através da etno-história do grupo, apresento o contexto de construção de uma tradição indígena (o ritual do Toré) que se legitima ao explorar categorias de uma tradição religiosa do nordeste conhecida como o complexo da jurema. Procuro, assim, apresentar a relação que se forma entre a instauração do ritual do Toré e a emergência de uma noção nativa de autoria nele construída.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. O dom dos índios Kapinawá (ensaio sobre uma noção nativa de autoria). Revista Anthropológicas, v. 19, p. 81-117, 2008.

O objetivo deste artigo é analisar a noção nativa de autoria presente na comunidade indígena Kapinawá, localizada no sertão de Pernambuco, Nordeste do Brasil. A partir de uma “antropologia histórica” (Oliveira 1988), analiso a autoria como uma “tradição inventada” (Hobsbawn 1983) resultante de um processo político de emergência étnica. Através da etno-história do grupo, apresento o contexto de construção de uma tradição indígena (o ritual do Toré), que se legitima ao explorar categorias de uma tradição religiosa do Nordeste, conhecida como ‘o complexo da jurema’. Procuro, assim, apresentar a relação que se forma entre a instauração do ritual do Toré e a emergência de uma noção nativa de autoria construída nele.

PEIXOTO, Clarice. Family Film: From Family Registers to Historical Artifacts. Visual Anthropology v. 21, n. 2, p. 112-124, 2008.

This article focuses on the making of a family film and its transformation into a historical artifact. The conversations with my grandmother about her participation in the Gaucho Revolution (south of Brazil, 1923), which were recorded to be transmitted later on to our family, led me to research these historical facts in the public archives, sifting out documents from those days (newspapers, reports, and photographs) that could objectify her stories and her subjective images and especially allow the discovery of all possible relations between an individual memory and a collective memory. That implied building a speech and telling a story from only one family member's point of view, the grandmother's. More than that, it involved breaking with the family's inner-circle projections and presenting the film to a wider public, thus turning private images into public ones.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre. Mobilização étnica da cidade de São Paulo: O caso dos índios Pankararu. Espaço Ameríndio v. 1, n. 1, p. 73-101, 2007.

Este artigo analisa o papel das máscaras (praiás) dos índios Pankararu (PE) na mobilização política que ocorre na cidade de São Paulo, Brasil. Neste espaço, a tradição funciona como categoria que aproxima a oferta e a demanda de tais bens e direitos entre índios e a cidade de São Paulo. Os praiás se destacam neste mercado na medida em que esta máscara é o elemento que mais visibilidade vem ganhando nas apresentações destes índios. Tais apresentações se dão no contexto de inserção destes índios em dois tipos de mercado: o das artes étnicas e o dos direitos das populações indígenas.

PEIXOTO, Clarice; SZTUTMAN Renato. Pasantía y comunicación por medio de imágenes: entrevista con Dominique Tilkin Gallois. Revista Chilena de Antropología Visual v. 10, n. 2, 2007.

En los inicios de la década de 1990, la antropóloga Dominique Gallois dio inicio a una nueva fase de la pasantía que mantenía, desde 1977, con los waiãpi, pueblo de lengua tupi-guaraní que habita en el estado de Amapá. Llevó a algunas aldeas, unidades audiovisuales para que ellos tuviesen contacto con imágenes propias y de otros indios, para que aprendiesen a manejar la cámara, registrando sus imágenes.

ALBUQUERQUE, Marcos Alexandre; AURELIANO, Waleska. Toré Atikum: etnofotografia do "Encantamento". Tellus v. 6, n. 11, p. 173-179, 2006.

Este ensaio fotográfico foi realizado na noite de 19 de junho de 2004 na área indígena Atikum, no alto da Serra do Umã, localizada na cidade de Carnaubeira da Penha, sertão de Pernambuco. Os Atikum iniciaram o movimento pelo reconhecimento de sua identidade de indígenas em 1940 junto ao Serviço de Proteção aos Índios (SPI) como meio de reverterem a grilagem de suas terras por parte da elite política da região. Em 1949 é erguido o posto indígena Atikum na serra do Umã, mas só na década de 1990 é que suas terras são demarcadas. A área Atikumtem cerca de 20 aldeias e 15.276 hectares e a sua população excede os 4.000 habitantes (Peti, 1993).

PEIXOTO, Clarice. Jean Rouch. Subvertendo fronteiras. In: CAIUBY, Sylvia N. et al (orgs). Escrituras da Imagem. EDUSP/FAPESP, p. 199-205, 2004.

Não é de hoje que os cineastas brasileiros vêm se inspirando na concepção “rouchiana” do cinema-verdade. A começar pela geração do Cinema Novo. Até então, ninguém tinha se arriscado a realizar um filme sobre Jean Rouch nos trópicos (já esteve duas ou três vezes no Brasil), ou sobre sua obra e os reflexos no cinema brasileiro. Coube aos jovens paulistas essa ousadia; só possível porque, pertencendo a uma geração que conhece pouco a obra de Rouch, os estudantes de antropologia da USP não tinham noção clara de sua importância (e do peso que isso representa) na história do cinema – mentor do cinema-verdade e, portanto, inspirador da Nouvelle Vague e do Cinema Novo, promotor do cinema africano, à frente da criação de novas tecnologias de filmagem como a adoção de câmaras de 16mm em lugar de 35mm e o abandono do tripé e, principalmente, a captação de imagem e som sincronizados – e do cinema etnográfico, em particular.

PEIXOTO, Clarice; BOZON, Michel. Os Na da China. Uma sociedade sem casamento: Sobre livro e vídeo de Cai Hua. Cadernos de Antropologia e Imagem v. 17, n. 2, p. 173-183, 2003.

A sociedade Na, no sudoeste da China, possui um dos mais absolutos sistemas de matrilinearidade e matrilocalidade de que se tem conhecimento, no qual o casamento e a paternidade são existem, sendo somente a mãe quem legitima os filhos. Não é de se admirar que as palavras "pai" e "marido" não encontrem equivalentes entre os Na. É uma sociedade na qual os contatos sexuais são desvinculados das instituições sociais e a estabilidade dos relacionamentos sexuais não existe. Este artigo procura refletir sobre os Na, através do livro e do vídeo do antropólogo chinês Cai Hua.

COPQUE, Bárbara. Família é bom pra passar o final de semana. Cadernos de Antropologia e Imagem v. 17, n. 2, p. 256-280, 2003.

A imagem fotográfica, como produto da experiência humana, traz novas contribuições ao registro etnográfico. Compreender o papel dessa imagem na representação do conhecimento antropológico é o objetivo deste artigo. Devido às suas peculiaridades, o uso da fotografia !em campo! no presente estudo se ateve à consideração do processo imagético e à atribuição de significados produzidos pelos sujeitos envolvidos na pesquisa. Para tanto, 15 máquinas fotográficas foram distribuídas aos jovens, moradores de rua - em risco social -, para que eles pudessem elaborar representações sobre sua identidade. O envolvimento e o entusiasmo desses adolescentes na produção e interpretação das imagens permitiu-nos desvendar a forma como se constroem como sujeitos no espaço da rua.

PEIXOTO, Clarice. Aconteceu em Göttingen... Studium v. 9, 2002.

A Conferência Internacional Origins of Visual Anthropology: Putting the Past Together, entre os dias 20-25 de junho, organizada pelo Institut für den Wissenschaftlichen Film/IWF e sob a coordenação dos antropólogos visuais Beate Engelbrecht e Rolf Husmann, que reuniu os grandes nomes da antropologia visual. Sem dúvida, um momento histórico, já que este foi o primeiro reencontro do grupo que participou da Conferência Internacional de Antropologia Visual de Chicago, em 1973, organizada por Paul Hockings e estimulado por Margaret Mead.

PEIXOTO, Clarice; MORGADO, Paula. Os bastidores dos festivais internacionais de filmes documentários. Cadernos de Antropologia e Imagem v. 11, n. 2, p. 71-88, 2000.

Este artigo é fruto de nossas andanças pelos festivais europeus de filmes documentários e de nosso interesse particular pela interseção entre cinema e antropologia. Considerando a existência, na atualidade, de inúmeros festivais mundo afora, nossa curiosidade antropológica nos levou a garimpar as especificidades de alguns deles - no que se refere à concepção e à criação do evento, aos critérios de seleção e premiação dos filmes, à constituição do júri - e também a atentar para a participação dos filmes brasileiros nesses festivais.

PEIXOTO, Clarice. A imagem da velhice nas telas do cinema documentário. Cadernos Pagu v.13, p. 357-369, 1999.

De envelhecer ninguém escapa. Alguns envelhecem mais rapidamente do que outros e nem todos vivem essa etapa da vida da mesma maneira, uma vez que o envelhecimento biológico está estreitamente relacionado às formas materiais e simbólicas que identificam socialmente cada indivíduo. Ou seja, o envelhecimento físico se dá de maneira diferenciada segundo os grupos sociais e os sexos. Assim, uns e umas se preocupam mais do que outros as com as marcas corporais deixadas pelo tempo (rugas, cabelos brancos etc.) e muitos/as têm medo de que a velhice traga consigo a solidão, a dependência física e a morte. As estratégias de que lançam mão as pessoas de mais idade para disfarçar a aparência física dependem, como afirma Rémi Lenoir, tanto dos meios materiais de que dispõem para retardar o envelhecimento, quanto de uma competência específica – ligada ao capital cultural – que produz “as categorias de percepção e de sensação do envelhecimento e, assim, a necessidade de 'continuar jovem' por mais longo tempo”.1 Seria, então, possível envelhecer de outra forma, sem se deixar influenciar pelas representações estereotipadas e caricaturais da velhice? É possível sentir eternamente emoções fortes como o amor e o desamor, a paixão e o ódio, o sonho e a desilusão...?

PEIXOTO, Clarice. Antropologia e Filme Etnográfico: um travelling no cenário literário da Antropologia Visual. BIB. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais v. 48, p. 91-115, 1999.

Desenhar o cenário bibliográfico da antropologia visual é tarefa laboriosa, pois exige repertoriar todas as formas de expressão imagética e iconográfica utilizadas nos estudos antropológicos, desde os primeiros tempos: pinturas, gravuras, fotografias, filmes, vídeos... Missão quase impossível. Proponho, então, realizar um travelling de curta duração, apresentando as principais publicações internacionais sobre a relação entre a antropologia e o cinema etnográfico. Entretanto, por mais que se reduza a montagem detalhada desse imenso cenário literário, sua duração ainda é longa. Assim, farei um arrêtsur L'image dos trabalhos - clássicos e contemporâneos - que considero os mais significativos.

PEIXOTO, Clarice. Les archives de la Planète: imagens da coleção de Albert Kahn. Cadernos de Antropologia e Imagem v. 8, n. 1, p. 117-132, 1999.

A constituição de acervos é, em geral, tarefa atribuída às instituições públicas que conservam objetos e imagens pertencentes ao patrimônio de uma sociedade, tornando-se assim guardiães da memória social dos povos. Muitas são as coleções privadas que se transfere para estas entidades para serem classificadas, preservadas e até expostas à visitação pública.

PEIXOTO, Clarice. Caleidoscópio de Imagens: o uso das imagens e a sua contribuição à análise das relações sociais. In: FELDMAN-BIANCO, Bela; MOREIRA LEITE, Myriam (orgs). Desafio da Imagem: fotografia, iconografia e vídeo nas Ciências Sociais. São Paulo: Papirus, p. 213-225, 1998.

Novos meios de expressão vêm sendo incorporados ao arsenal de instrumentos de ensino e pesquisa nas Ciências Sociais, apesar das dificuldades inerentes às novas linguagens e sua utilização e às resistências daqueles que ainda se opõem aos novos modos de expressão do conhecimento. O impacto do uso da imagem, por exemplo, é tão forte quanto aquele promovido, outrora, pelo gravador; os pesquisadores mais rigorosos ainda resistem à aceitação dessa nova técnica: anotações em caderno de campo e entrevistas continuam sendo, para eles, os principais instrumentos de registro das observações; o antropólogo observa, escuta e registra. Suas reticências à imagem se referem, em geral, à perda da dimensão "discreta" da investigação, à "frieza" desse instrumento de coleta de informações, entre outros aspectos.

PEIXOTO, Clarice. Os jardins ao longo dos séculos: notas sobre as ideologias paisagísticas na França e no Brasil. Cadernos de Antropologia e imagem, v. 4, p. 57-70, 1997.

Para evocar a história das praças brasileiras, suas designações, as formas e significações sociais que tomaram ao longo do tempo, temos que percorrer os caminhos dos campos e largos portugueses, mas, sobretudo, mergulhar nas fontes do paisagismo francês que tanto influenciou o paisagismo brasileiro do século passado.

PEIXOTO, Clarice. Fotocronografias ou Cronofotografias de Etienne-Jules Marey. Cadernos de Antropologia e Imagem v. 2, p. 164-166, 1996.

As origens do cinema remontam a milhares de anos, pois a lanterna mágica já existia na Pérsia desde o século XI e, na Paris do século XVIII, ela já era apresentada ao público em sessões contínuas. Acabou trocando de nome, passando a se chamar fantasmascope. Diria que, na mesma época em que a lanterna mágica invadia os salões de Paris já se sonhava com a animação dessas imagens, com a animação dessas imagens, com o movimento da vida.

PEIXOTO, Clarice. A Antropologia Visual no Brasil. Cadernos de Antropologia e Imagem v. 1, p. 75- 80, 1995.

Mesmo distante do Hemisfério Norte, o Brasil manteve-se próximo do continente europeu, logo após a colonização portuguesa. Os laços políticos e comerciais estabelecidos neste primeiro momento histórico ficaram mais estreitos com a transferência da Coroa para o Rio de Janeiro, em 1808. Desde essa época, firmaram-se alianças culturais entre França e Brasil, principalmente com a introdução de novas técnicas, com as inovações no campo da arquitetura, paisagismo e mesmo da moda, a partir da chegada das missões artísticas e científicas.

PEIXOTO, Clarice. O jogo dos espelhos e das identidades: as observações comparada e compartilhada. Horizontes Antropológicos v.1, n. 2, p.87-106, 1995.

Um dos objetivos deste trabalho foi aprofundar as pesquisas no campo da antropologia urbana, integrando à sua metodologia os instrumentos da antropologia visual, ou simplesmente enriquecer o estudo do papel dos espaços públicos na sociabilidade dos aposentados parisienses e cariocas através da análise de outra fonte de dados: a imagem em movimento. Ao adotar esta metodologia tínhamos como propósito fundamental apresentar os copiões aos personagens franceses e realizar, em sua companhia, o exame das imagens registradas de suas atividades, bem como aquelas que mostravam as atividades dos personagens brasileiros. O objetivo era recolocá-los em face de uma outra realidade: o espelho deste outro, estrangeiro, remetia-os à sua própria identidade, a realidade brasileira permitia a reflexão do seu cotidiano, levando-os a falar deles mesmos e de suas histórias de vida. Não se tratava de um simples retorno das imagens, mas de uma tentativa de melhor compreender aquilo que definia seu pertencimento a um grupo de idade tanto quanto a um espaço territorial, dado que estes pertencimentos fazem parte da reflexão cotidiana das pessoas idosas.

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