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Dissertações

Ana Clara Chequetti. Nas margens da Cidade Olímpica: etnografia visual da luta por moradia da ocupação Quilombo das Guerreiras no Porto Maravilha, 2017.

Estudo de um coletivo de ocupantes sem-teto em sua luta por moradia na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro, realizado no âmbito da antropologia visual, adota como metodologia a análise da construção de uma narrativa visual sobre a trajetória deste grupo em meio ao processo de revitalização da área. Busco indagar as condições de possibilidade dessa imagem, deslocando a problemática das representações para a questão das malhas das relações de poder que as sustentam. Representadas pelos agentes promotores da reforma como espaços subdesenvolvidos e precários, como se apenas sobrevivessem, no limite da vida e da natureza, as ocupações urbanas se tornam alvo sistemático de remoção com o projeto de intervenção urbanística “Porto Maravilha”. Justificando-se através da narrativa do Porto como um “vazio a ser preenchido”, propõe então o “re-vitalizar”. Neste emaranhado de categorizações, entre legal/ilegal, invasão/habitação social, vítimas/bandidos, os membros das ocupações estão enredados nestes jogos de poder em que tem que negociar e contornar seus efeitos nocivos numa luta que é, assim, pessoal e política. Constroem, através da organização coletiva e da autogestão, estratégias que recriam singularmente formas de habitar a cidade. Assim, a ocupação urbana, como esse espaço “marginal” da cidade Olímpica, é um espaço privilegiado para análise das políticas do fazer cidade. 

Francisco Valdean Alves dos Santos. Imagens da Maré: narrativas fotográficas de um território favelado, 2017.

A Maré é o maior conjunto de favelas da cidade do Rio de Janeiro e tem sido representada, durante muitos anos, através da fotografia por atores externos. Porém, desde o início dos anos 2000 isto vem se alterando graças à iniciativas de empoderamento popular, caracterizado pela formação de fotógrafos locais. O Inventário Fotográfico da Maré foi criado baseado em duas correntes discursivas: o fotojornalismo, uma estrutura supralocal; e fotógrafos da Maré, um grupo de fotógrafos locais. O objetivo deste trabalho é analisar aspectos deste inventário fotográfico da região da Maré produzido por estas duas bases discursivas. A metodologia utilizada é a etnografia e a fotoetnografia, o que permitiu observar as imagens produzidas e a relacioná-las com a realidade local. 

Halina Rauber Baio. Masculinidades dissidentes no cinema e as instabilidades inerentes às identidades, 2017.

Inserido nos campos da Antropologia Visual e dos Estudos de Gênero, este trabalho tem como objetivo analisar as potências questionadoras das masculinidades dissidentes em corpos designados como ―mulher ao nascer. Os objetos de análise são os filmes Desejo proibido (2000) (conto de 1972), Meninos não choram (1999) e Tomboy (2011). Tendo como interlocutores/as de pesquisa as personagens centrais de cada filme – Amy, Brandon e Michael/Laure – a reflexão central do trabalho é sobre como se manifestam os diferentes tipos de masculinidade das personagens desses três filmes, e de que forma essas masculinidades dissidentes colaboram para questionar os parâmetros de gênero, desatrelando a noção de masculino como algo relativo a ―homens. Para pensar nisso, busco compreender como se dão as representações de lésbicas ou de masculinidades dissidentes nos três filmes e como essas representações se constituem através de elementos imateriais (como, por exemplo, movimentação corporal, atividades), mas também dos elementos materiais (roupas, acessórios) que atravessam os corpos das personagens. Além disso, o trabalho traça uma perspectiva sobre as inserções dos debates de gênero nas produções cinematográficas.

Camile Tejada Vergara. Corpo Transgressão: Manifesto Performance. Uma análise da economia política do corpo em performances de rua no Rio de Janeiro, 2016. 

Esta pesquisa, situada nas áreas de antropologia visual e estudos de performance, visa construir a noção de “Corpo Transgressão” na perspectiva da elaboração de um corpo insurgente, rebelde, não submisso. Trata-se de um estudo etnográfico dos agenciamentos coletivos Bloco Livre Reciclato, Coletivo Coiote e Black Blocs. Essas performances são entendidas enquanto enunciadoras de uma economia política do corpo que opera através do excesso (Bataille, 1975) em um movimento agonístico de tradução destrutiva/criativa do campo semântico da estética da violência. No exercício de retomar os sentidos de uma violência ancestral, vinculada à colonização, busca tencionar a ideia da guerra enquanto exceção e da violência enquanto representação em três âmbitos: A cidade, o corpo e a imagem. Neste sentido busca evidenciar as estratégias criativas e vitalizadoras experimentadas nas performances enquanto capazes de enunciar outros mundos (im)possíveis que atuam em resistência ao movimento distópico que transforma o Rio de Janeiro em cidade global.

Henrique Fornazin. Luta pela moradia na Ocupação Manuel Congo: imagens e implicações subjetivas, 2014.

Essa pesquisa visa compreender a maneira como se organizou e se organiza o coletivo de moradores de uma ocupação urbana localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro, tendo como questão a mobilização dos sujeitos e as implicações subjetivas desse processo. Para sua realização foi utilizado o método etnográfico recorrendo ao uso de recursos da fotografia, seja através da foto-entrevistas bem como da observação participante com registros fotográficos. O campo de pesquisa é a ocupação Manuel Congo, vizinha à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, local onde habitam 42 famílias. Organizada pelo Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) iniciou seu processo em 2006, realizando sua primeira ocupação em outubro de 2007. O prédio atual era de propriedade do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e permaneceu por cerca de 15 anos fechado sem uso.

Inês Quiroga Coelho. Uma arte do encontro: vozes, imagens e trajetórias juvenis, 2014.

Um mergulho por entre vivências, pessoas e espaços. Trajetos entrecruzados que revelam uma presença constante: a arte. A partir das trajetórias de três jovens participantes de projetos socioculturais, é realizada uma reflexão sobre o lugar do fazer e do conhecimento artísticos na interação e circulação de jovens em universos sociais distintos e o modo como esse múltiplo pertencimento reflete em suas subjetividades. Nesta pesquisa, friccionando as fronteiras entre a arte e a antropologia, uma proposição fotográfica foi provocada, em que os pesquisados (re)criaram fragmentos de suas vidas, permitindo acessar e expressar o vivido e as questões relativas ao sensível que perpassam este estudo. As imagens produzidas, em diálogo com palavras, aproximaram à possibilidade de desvendar as camadas harmônicas, soltas e dissonantes de uma significativa dimensão do mundo dos jovens pesquisados.

Elisa da Silva Gomes. Casos de Família. A conjugalidade nas antenas da TV, 2007.

Este texto analisa a imagem de família e, principalmente, de conjugalidade apresentada em um talk show, a saber, Casos de Família. Os talk shows aproximam-se de outro formato em grande expansão na atualidade – os reality shows. Rompendo com as fronteiras entre o público e o privado, entre realidade e ficção, Casos de Família exibe diariamente conflitos familiares de pessoas comuns. O uso de um especialista em comportamento (psicólogo), a proposta de harmonização e solução dos conflitos apresentadas no palco são a marca do programa. A solução dos conflitos, na percepção da produção do programa, é uma “adaptação”, uma “redefinição” de papéis conjugais de acordo com uma divisão por gênero.

Mariana Leal Rodrigues. Mulheres da Rede Fitovida: ervas medicinais, envelhecimento e associativismo, 2007.

Existem no Rio de Janeiro cento e oito grupos que produzem remédios com ervas medicinais de maneira voluntária. Desde 2000, formam a Rede Fitovida para transmitir conhecimento e debater soluções conjuntas para as dificuldades que enfrentam. É um movimento sem filiação partidária ou religiosa cujas características principais são o trabalho voluntário e a venda de preparações medicamentosas a preço de custo. É composto por mulheres com 50 anos ou mais, de camadas populares, que se reúnem em cozinhas comunitárias. O objetivo da pesquisa é analisar os aspectos culturais – práticas curativas e transmissão de conhecimentos − de um grupo que integra a Rede Fitovida. Através da metodologia antropológica e do registro audiovisual, o que possibilita um olhar mais cuidadoso sobre os fenômenos sociais, esta pesquisa visa compreender quem são essas mulheres, o que fazem e por que o fazem. Na medida em que participam de uma rede de trocas, além de cuidarem da saúde de si, dos familiares e vizinhos, as mulheres da Rede Fitovida se constituem como um movimento social reivindicatório − pois demandam o reconhecimento do Estado pelo saber que detêm − e transformam a própria percepção enquanto sujeitos em processo de envelhecimento, resignificando alguns estigmas negativos da velhice.

Fabiene de Moraes Vasconcelos Gama. A auto-representação fotográfica em favelas: Olhares do Morro, 2006.

Confirmar a realidade e realçar a experiência por meio de fotos é um consumismo estético em que todos, hoje, estão viciados. Fotografias possuem uma enorme importância na sociedade moderna e, geralmente, só se registra aquilo que se quer mostrar. Aqueles que vivem nas favelas cariocas, no entanto, não dominam a imagem construída a seu respeito, freqüentemente associada a representações construídas pela mídia, diretamente ligadas à guerra do tráfico de drogas. O número de projetos sociais (áudio)visuais vem crescendo em todo o Brasil, visando valorizar a auto-estima e as relações sociais, além de formar profissionalmente os jovens. Esperam, dessa forma, torná-los “cidadãos” e dá-lhes uma visibilidade social positiva. Na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, a ONG Olhares do Morro criada em 2002 pretende criar uma representação da favela alternativa a esta, onde a violência é foco único, contribuindo para a construção de uma nova realidade, onde o cotidiano e a paisagem local são focalizados pelos moradores, transformando o “olhar” sobre seu lugar de moradia. Compreender que fotos são essas e por que se diferenciam das até então produzidas, além de perceber como transformam olhares externos (e internos) em relação às favelas são questões atuais. Aqui, pretendo fazer uma análise das imagens produzidas pelo grupo, pensando sobre a relação das imagens fotográficas com sua identidade, e como estas podem contribuir para a transformação de um estigma social.

Helmut Paulus Kleinsorgen. Etnografias de si. A emergência dos filmes pessoais, 2006.

Ao enfocar o filme de família no contexto da produção pós-moderna, esta dissertação tem por intenção debater a questão da autenticidade, bem como o processo de legitimação cultural de sub-gêneros fílmicos afins surgidos na década de 60, como o filme diário e o filme pessoal. A proliferação deste tipo de produção – uma espécie de meio-termo entre auto-etnografias e filmes de arte - desafia as ciências sociais e, mais especificamente, a antropologia visual contemporânea a compreender a emergência de novas formas audiovisuais de representação social. A partir do estudo pioneiro de Bourdieu sobre a função social da fotografia, debate-se a estetização do território familiar e a função social do filme “amador”.

Bárbara Andréa S. Copque. Meninos-fotógrafos ou a fotografia como fonte de conhecimento etnográfico, 2003.

A imagem fotográfica, enquanto produto da experiência humana, traz novas contribuições ao registro etnográfico. Compreender o papel dessa imagem na representação do conhecimento antropológico é o objetivo desta pesquisa. Devido às suas peculiaridades, o uso da fotografia "em campo" no presente estudo se ateve à consideração do processo imagético e à atribuição de significados produzidos pelos sujeitos envolvidos na pesquisa. Para tanto, quinze máquinas fotográficas foram distribuídas aos jovens moradores de rua - em risco social -, para que eles pudessem elaborar representações sobre sua identidade. O envolvimento e o entusiasmo desses adolescentes na produção e interpretação das imagens permitiu-nos desvendar a forma como se constroem como sujeitos no espaço da rua.

Não disponível

Izabel Cristina de Oliveira Ferreira. O renascimento de Fênix: o ressurgimento da Capoeira no Rio de Janeiro (1930-1960), 2002.

Estudo sobre o processo de institucionalização da capoeira no Brasil no qual se buscou reconstruir sua história desde o século XIX até o ressurgimento no Rio de Janeiro, nos anos 1950, como uma prática lúdica e esportiva. Procurou-se analisar a formação dos grupos Angola e Regional através das biografias dos mais expressivos mestres da capoeira carioca e baiana, de entrevistas audiovisuais e das fontes históricas disponíveis. Conclui-se que a capoeira – baiana e carioca – fornece aos seus membros os elementos simbólicos por meio da memória, e os elementos cognitivos através dos exercícios físicos, que são os mecanismos de transmissão das regras do jogo, da disciplina e do ethos capoeirista que servem como parâmetros para a vida em sociedade.

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